Na Umbanda, Oxalá é a Divindade que está assentada no pólo positivo ou irradiante do Trono da Fé, cuja Essência é Cristalina.
Pai Oxalá é o Trono Masculino do Cristal, Regente da primeira Linha de Umbanda (Linha da Fé), onde polariza com o Trono Cósmico Feminino Logunan (Oyá-Tempo).
As Irradiações Universais de Pai Oxalá são retas e contínuas, projetando-se de forma passiva a todos, o tempo todo.
Já as irradiações Cósmicas de Mãe Logunan são projetadas em espiral e alcançam os seres que se desvirtuaram no campo da religiosidade, para corrigi-los.
Oxalá é o calor das estrelas. E Logunan é o frio do espaço cósmico;
Oxalá é o calor do sol da Fé. E Logunan é o frio do vácuo religioso;
Oxalá é abrasador. E Logunan é enregelante;
Oxalá é a fé permanente. E Logunan é a alternância religiosa;
Oxalá é o raio reto, o caminho reto que conduz a Deus. E Logunan é a espiral, a onda circular que colhe todos os que se desviaram da retidão religiosa, para recolocá-los nesse caminho reto, o único que nos leva para Deus.
“Gênese Divina de Umbanda Sagrada”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2005, páginas 215/217.
Peculiaridades do Orixá Oxalá:
Fatores- A Essência Cristalina de Pai Oxalá contém dois Fatores: o Magnetizador e o Congregador, que estão na base da Criação.
Seu Fator Puro é o Magnetizador, sem o qual nada existiria em nosso planeta, já que a Vida se sustenta por vibração magnética.
Seu Fator Misto é o Congregador, que tem por função reunir tudo e todos numa mesma direção e objetivo maior, dando forma e mantendo a estrutura de todas as coisas e seres.
Vejamos as ações realizadas na Criação por esses Fatores de Oxalá:
Fator Magnetizador- Cada Orixá tem um magnetismo específico. E Oxalá é o próprio Magnetismo, é o Orixá Magnetizador da Criação, ou seja, aquele que doa Magnetismo a todos os seres e coisas.
Esse Magnetismo foi importante para a Criação inclusive do nosso planeta, bem como de tudo que nele existe: seres, elementos, tudo. Por esse motivo, Oxalá é associado ao Sol (cuja luz é essencial para a vida na Terra) e ao próprio planeta Terra (pois não haveria vida aqui, sem o Fator Magnetizador de Oxalá).
No livro “Gênese Divina de Umbanda Sagrada”, RUBENS SARACENI explica a Gênese do Planeta Terra a partir do Magnetismo do Divino Trono das Sete Encruzilhadas, e isto nos ajuda a compreender as peculiaridades e a importância do Fator Magnetizador de Pai Oxalá para a existência da vida planetária.
Diz RUBENS SARACENI: “A ciência divina nos diz que desde o assentamento do divino Trono das Sete Encruzilhadas neste ponto do universo, pelo Divino Criador, já se passaram cerca de treze bilhões de anos, sendo que nos primeiros quatro bilhões o nosso planeta se parecia com uma estrela azul, mas que cintilava outras cores. Este período foi o tempo que o divino Trono das Sete Encruzilhadas passou “absorvendo” energias, através do seu poderoso magnetismo cósmico. Fato este que deu início aos choques “nucleares” geradores de explosões gigantescas e geradoras de novas ondas eletromagnéticas hiper-carregadas de energias, visíveis desde outras constelações.
Com o tempo, o núcleo magnético do planeta foi alcançando um ponto de equilíbrio, as ondas eletromagnéticas foram perdendo força e as energias foram se condensando em torno do eixo magnético planetário. Então, o planeta que era uma massa incandescente com pequena “reatividade” começou a perder calor para o geladíssimo espaço cósmico, que é o absorvente natural do excesso de calor dos corpos celestes. Tanto isso é verdade, que o brilho que vemos nas estrelas é energia que flui com as ondas eletromagnéticas, mas que vai sendo diluída no espaço cósmico. Mas as ondas eletromagnéticas geradas no interior delas, e que nos chegam, são absorvidas pelo magnetismo planetário e o recarregam, mantendo-o em equilíbrio vibratório. Já o excesso é lançado fora pelos pólos magnéticos (norte-sul), mantendo constante o campo em torno do planeta.
(…) Assim que o divino Trono das Sete Encruzilhadas alcançou seu limite máximo em sua capacidade de absorver energias, as reações foram diminuindo e só restou uma bola incandescente cercada de vapores (gases) cujos elementos (átomos) foram se combinando e dando origem a moléculas mais pesadas que se precipitavam sobre a superfície incandescida.
Pouco a pouco, com a perda de calor para o gelado espaço cósmico, a crosta foi se resfriando e se solidificando, até que se tornou densa o suficiente para reter em sua superfície as moléculas que iam se formando nas camadas gasosas mais elevadas. Mas o interior incandescido, que era energia pura, criava e ainda cria pressão, elevando para a superfície os átomos hiper-aquecidos.
O (…) processo de resfriamento do nosso planeta Terra durou mais de três bilhões de anos e as ligações atômicas comandadas pela imanência do divino Trono das Sete Encruzilhadas deram origem a muitos tipos de moléculas, que deram origem a muitas substâncias. Umas sólidas, outras líquidas e outras gasosas.
(…) Tal como acontece durante a fecundação do óvulo pelo sêmen e toda uma cadeia genética geradora é formada e ativada, o mesmo ocorreu quando um ser divino (o divino Trono das Sete Encruzilhadas) magnetizou-se e se polarizou dentro do ventre da Mãe Geradora (a natureza cósmica de Deus). Então se criou um magnetismo novo que, tal como um feto, começou a absorver os nutrientes da Mãe Geradora (o Cosmo). O feto alimenta-se de sua mãe e o mesmo fez o divino Trono das Sete Encruzilhadas e sua parte geradora, que é uma individualização da parte feminina do Divino Criador (a Natureza).
Enquanto o divino Trono das Sete Encruzilhadas crescia magneticamente, o planeta se energizava (materializava).
(…) O divino Trono das Sete Encruzilhadas é o magnetismo que sustenta a existência do planeta em suas muitas dimensões. Já a sua contraparte natural é a individualização e repetição “localizada” da natureza cósmica de Deus ou de Sua parte feminina, que é um ventre gerador de vida.
(…) Na gênese de um corpo humano, a par da herança genética dos pais, o sêmen do homem tem um magnetismo análogo ao do divino Trono das Sete Encruzilhadas que atrai as energias (nutrientes); enquanto o magnetismo do óvulo da mulher é análogo ao da mãe geradora (cosmos) que vai agregando e distribuindo os nutrientes, segundo um código preestabelecido.
Esta é a razão de todos os planetas serem “redondos”. Eles são formados dentro de um tipo de magnetismo ovular (de óvulo ou ovo). Nesse magnetismo planetário, os eixos são do divino Trono das Sete Encruzilhadas. Já o magnetismo que os reveste e retém em cada camada os elementos, estes são o da Divina Mãe Geradora, ou sua natureza divina.
Só quando estes dois magnetismos se fundem surge algo, tal como só quando o macho se une com a fêmea (copula) uma nova vida é gerada. Tudo se repete e tudo se multiplica, bastando sabermos que é assim que tudo acontece dentro de Deus, porque Ele é o eixo da geração e a própria geração em Si mesmo. Ele tanto é o macho quanto a fêmea. Mas quando Se individualiza, aí assume a Sua dualidade e biparte-Se em ativo e passivo, positivo e negativo, irradiante e absorvente, macho e fêmea.
E foi o que aconteceu aqui na Terra, porque da união magnética do divino Trono das Sete Encruzilhadas com a “mãe natureza” surgiu um planeta magnífico e único no nosso sistema solar”. (Obra citada, Madras Editora, 2005, páginas 22/35.)
Fator Congregador- Oxalá Irradia e estimula a Fé e desperta sentimentos de religiosidade nos seres, além de sustentar a todos que têm fé. É também a Irradiação da paz, da harmonia, da tranquilidade, da serenidade, da esperança, da humildade, da pureza, do perdão, da piedade, da misericórdia, da compaixão, da fraternidade, da irmandade, da compreensão, da tolerância, da conciliação, da resignação etc.
A Regência de Oxalá em nossas vidas se manifesta na necessidade de nos congregarmos, isto é, de nos unirmos a pessoas que tenham as mesmas idéias e ideais.
A Vibração de Oxalá habita em cada um de nós, porém velada pela nossa imperfeição, pelo nosso grau de evolução. É “o nosso Deus interior”, a voz da consciência que tenta nos conduzir por caminhos luminosos, pois traz consigo a memória de outros tempos, o conhecimento empírico, o conhecimento adquirido por experiências anteriores.
As atribuições de Oxalá incluem dar a todos os seres o amparo religioso dos Mistérios da Fé. Mas o ser nem sempre absorve essas irradiações quando está com a mente voltada para o materialismo desenfreado que costuma envolver os espíritos encarnados.
Pai Oxalá é, muitas vezes, chamado de “o maior dos Orixás”. Por quê? Vejamos.
Dentro do conceito das Sete Linhas de Umbanda, que correspondem às Sete Vibrações de Deus, a primeira delas é a Linha ou Vibração da Fé, onde está Oxalá.
Pai Oxalá rege o Sentido da Fé, que é fundamental para a existência de uma religião. Sem Fé não há religião.
Mas o Sentido da Fé não gera apenas aquele sentimento de caráter religioso ou de crença religiosa. Também abrange o ato de crer, de acreditar, sem o qual mais nada existe. Quem não tem o Sentido da Fé bem desenvolvido acaba por não crer em si mesmo, não encontra valor ou significado para a própria vida e não consegue crer em algo além da existência material. Esta pessoa terá pouca autoestima e autoconfiança e pode se deixar dominar pela ansiedade, pelo medo etc. Por não crer, também não tem o Sentido do Amor bem desenvolvido, já que só podemos desenvolver amor a partir do momento em que acreditamos em alguém ou em algo. Sem Fé e sem Amor, não há Conhecimento verdadeiro. Sem a Fé, o Amor e o Conhecimento não há Lei e nem se aplica Justiça. Faltando isso, não há Evolução e nem a Geração de mais nada…
Em resumo: Oxalá está no Sentido da Fé, que é o principal Sentido da Vida, pois sem a Fé nada mais existe ou tem fundamento. Nessa escala de valores, a Fé está no topo e, portanto, Oxalá está no topo. Este é o significado.
Claro que isso não “diminui” o valor dos demais Orixás; até porque nada, absolutamente nada e ninguém pode diminuir ou alterar uma Divindade de Deus! Cada Orixá é um Mistério de Deus; todos os Mistérios são essenciais; e todos atuam de forma interligada para a Perfeição do Todo, na Criação Divina.
O que se procura compreender, aqui, é a visão da Umbanda sobre o quê está contido dentro do campo de atuação de Pai Oxalá enquanto Mental Divino Regente do Mistério da Fé. Considerando-se a Fé como a base da religião e a base do existir, e sob um olhar cosmológico, Oxalá é a base da Criação, é “o Senhor das Formas”, o Orixá da Plenitude, o Orixá que representa o Espaço Infinito onde tudo existe e acontece e onde tudo será acomodado no Universo.
Na Umbanda, Oxalá é o Espaço Infinito onde tudo existe e acontece. Por isso, Ele recebe oferendas nos espaços abertos (mirantes, campos, campinas, jardins e espaços floridos etc.).
Pai Oxalá (o Espaço Infinito) e Mãe Logunan (o Tempo Infinito) formam o eixo Espaço-Tempo que sustenta a Criação.
Quando associado à Criação do mundo e da espécie humana, Oxalá representa o Princípio Masculino da Criação, “o Pai” ou “o aspecto Pai” do Divino Criador; enquanto Yemanjá representa o Princípio Feminino da Criação, “a Mãe” ou “o aspecto Mãe” do Criador.
Paralelamente, vemos que na África todas as lendas que relatam a Criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumare (Deus), encarregado de criar não só o Universo, como todos os seres e todas as coisas que existiriam no mundo. É o Princípio Gerador em potencial, o responsável pela existência de todos os seres do céu e da terra. É o que permite a concepção, no sentido masculino do termo.
Origens e significado do nome Oxalá. A cor branca- Há muitos nomes para esta Divindade: Orixá n’ti alá; Orixá n’lá; Orixalá, Òrìsànlá ou Orixanlá; Obatalá; Oxalá.
Seu nome, como o dos demais Orixás, vem da cultura Nagô-Yorubá, porque é nesta cultura que as Divindades são chamadas de Orixás. Alguns nomes de Orixás têm uma tradução, ao passo que outros não a têm, por expressarem conceitos daquela cultura que não têm uma correspondência direta com a nossa.
No caso de Oxalá, a tradução possível do nome vem de contrações da expressão “Orixá n’ti alá” (pronuncia-se: orixá intí alá), que significa: “o Orixá que veste o branco”. Embora no Islã a palavra “Alá” seja o Nome de Deus, aqui nesta expressão Yorubá ela quer dizer branco, a cor branca.
A expressão “Orixá n’ti alá” sofreu uma contração e ficou: “Orixá n’lá” (pronúncia: orixá inlá), com igual significado.
Nova contração gerou o termo “Orixalá”, utilizado como sinônimo de “o maior dos Orixás” ou “o Orixá dos Orixás”.
Finalmente, outra contração deu origem ao nome “Oxalá”, que também significa “o Orixá que veste o branco” ou “o Orixá do branco”.
Outro nome para Oxalá é “Obatalá”, que se traduz como “o rei que se veste de branco” (Obá= rei), também derivado da expressão “Orixá n’ti alá”.
Sua cor é o branco, que é a soma de todas as cores. E é em sua homenagem que vestimos o branco nas giras de Umbanda. Branco é a cor da paz, um dos muitos atributos de Oxalá; e por isso também se diz que a Bandeira da Umbanda, que é branca, é “a Bandeira de Oxalá”.
Na cultura Nagô-Yorubá e no Candomblé do Brasil há os chamados “Orixás Funfuns”, conjunto de Orixás que vibram na cor branca ou dentro do axé branco.
Entre eles temos Oxalá e Orumilá, que são ligados por um aspecto: Orumilá é o Orixá do Oráculo ou da Revelação, que desvenda o passado, o presente e o futuro; e Oxalá, na Umbanda, ao polarizar com Logunan, na Linha do Tempo, também atua na relação entre presente/passado/futuro.
Elementos e Pedras- Vimos que o primeiro Elemento associado a Oxalá é o Cristalino; e que este Orixá também tem atuação Magnetizadora nos demais Elementos.
Logo, o Magnetismo de Oxalá está presente em todos os Elementos (cristais, minerais, vegetais, fogo, ar, terra e água).
Portanto, propriamente não temos uma única pedra associada a Oxalá (pois Ele magnetiza todos os minerais, todas as pedras). Mas o Cristal é o mais adequado para representá-Lo, porque todo cristal é translúcido, é transparente, é o mais próximo da cor branca de Oxalá; e isto simboliza também a pureza que existe em todos os elementos criados por Deus, já que todos recebem o Magnetismo de Oxalá.
Segundo ANGÉLICA LISANTY, as pedras brancas em geral pertencem a Oxalá, pois na cor branca encontra-se a fusão dos Sete Raios: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo, violeta. E os principais minerais das pedras brancas são: chumbo, prata, estanho, magnésio, potássio e cálcio.
ANGÉLICA ensina que o Cristal, em especial, é o grande irradiador dos Sete Raios e, através da Fé, alimenta e realimenta a todos os outros Orixás. Portanto, o Cristal Branco Translúcido é a maior fonte de irradiação das Qualidades Divinas do Trono Oxalá, sendo o maior irradiador energético em potencial, pois multiplica em muitas vezes a ação de outras pedras. Representa a Luz Divina em Si, capaz de tocar a todos os corações, iluminando-os através da Fé. A energia do Cristal é dual (atua como Geradora e como Receptora), estando ligada ao elemento Água, que é regido pela Lua. O Cristal Branco, a Pedra atribuída a Oxalá, é considerada como “a Pedra de Deus”, é a mais famosa Pedra de todos os tempos, em todas as civilizações. Pode ser utilizado em magias que atraiam: a Paz, a Proteção, a Iluminação, a Sensitividade, a Cura, bem como o desenvolvimento dos sentidos e pensamentos superiores.
ANGÉLICA LISANTY indica outras pedras relacionadas a Oxalá: Selenita; Galena; Calcita Ótica; as pedras brancas translúcidas; as pedras brancas leitosas, tais como: a Albita ou Pedra da Neve, a Dolomita Branca e o Quartzo Branco Leitoso. (Fonte: “Os Cristais e os Orixás”, Angélica Lisanty, Madras Editora, 2008, páginas 87/88, 112/114.)
Os Planetas, o número e o horário associados a Oxalá- Na Umbanda, Oxalá é associado ao Sol, ao planeta Terra e ao número 01.
Por força das peculiaridades do Seu magnetismo e da Sua atuação no despertar da Fé nos seres humanos, é também associado à luz do meio-dia.
Neste horário (meio-dia) o Sol está no seu esplendor e, segundo antigas Tradições, as Energias Angelicais mais puras e intensas estão atuando sobre o nosso planeta, purificando a tudo e a todos, pela dissolução das energias densas.
Portanto, o horário do meio-dia é excelente para nos dirigirmos ao Pai Oxalá, agradecendo e pedindo Suas bênçãos: fazendo um banho ou defumação com ervas do Orixá, firmando uma vela branca, oferecendo flores brancas etc.; ou simplesmente nos concentrando em oração e cobrindo a cabeça com um pano branco (de preferência, que seja de fibra natural, como algodão, linho etc.) especialmente reservado para este ritual.
Sincretismo – Na Umbanda, o Orixá Oxalá é sincretizado com Jesus Cristo, cuja imagem é colocada em lugar de honra nos Centros, Terreiros ou Tendas de Umbanda, em local elevado e geralmente destacada com iluminação.
Mas Oxalá não é Jesus, assim como Jesus não é Oxalá.
Jesus Cristo tem algumas das Qualidades de Oxalá; e isto faz Dele uma Manifestação do Orixá Oxalá ou um Intermediário de Pai Oxalá Maior.
Jesus pregava o amor, o perdão, a fé, a paz. Ele “deu a própria vida” em testemunho dos seus ensinamentos, e isto nos remete ao simbolismo do “bode expiatório”: antes da vinda de Jesus, existia a prática religiosa de se sacrificar um animal “para a expiação dos nossos pecados”. Segundo o conceito Católico, Jesus torna-se “o cordeiro de Deus, o último cordeiro”, ou seja, depois Dele não se faria mais sacrifício animal “porque em Jesus Cristo todos os pecados da humanidade estariam perdoados”.
Homenageia-se Oxalá na representação daquele que na Tradição Católica foi o “filho dileto de Deus entre os homens”. Permanece, porém, no íntimo desse sincretismo, a herança da tradição africana: “Jesus foi um enviado, foi carne, nasceu, viveu e morreu entre os homens”; enquanto Oxalá coexistiu com a formação do mundo, ou seja, Oxalá era ou existia muito antes de Jesus.
Segundo textos antigos, o nome “Cristo” significa cristal ou cristalino; e esta é a referência de todos os Mestres da Luz que encarnaram para guiar a humanidade.
As ondas magnetizadoras de Pai Oxalá despertam a ética e a iluminação filosófica nos seres, ou seja, a base das religiões. Algumas dessas ondas chegam até aos nossos olhos cruzadas; fato que tornou o símbolo da cruz como referência ao Mestre Jesus Cristo.
Para os Católicos, Jesus Cristo é Deus encarnado, é a segunda Pessoa da Trindade (Pai/Filho/Espírito Santo); para os Hindus, é um Avatar, um Mestre Ascensionado; para os Espíritas, é um Mestre da humanidade.
Já na Umbanda Jesus é reverenciado como um Manifestador do Trono da Fé, um Filho Iluminado de Oxalá que encarnou para direcionar as pessoas nos caminhos da Fé, por meio do amor que leva à fraternidade, ao perdão, ao arrependimento, à paz etc.
Sob a Regência de Oxalá, Jesus nos indicou a melhor forma de evolução, que é praticar a caridade: doar com a direita, trilhando o Caminho da Luz, como fez o Divino Mestre, para, com a esquerda, recebermos na eternidade.
E a maior caridade que se pode praticar dentro da Religião é dar às pessoas um sentido para as suas vidas, pelo despertar da Fé.
História
Oxalá na África e no Candomblé do Brasil
Orixalá (“O Orixá dos Orixás”) acabou se popularizando como Oxalá e é considerado o Orixá mais importante do panteão africano. Não possui mais poderes que os outros nem é hierarquicamente superior, mas é respeitado por todos, pois representa o patriarca, o chefe da família.
Oxalá é o detentor do poder procriador masculino.
É alheio a todo o tipo de violência, de disputas e brigas. Gosta de ordem, da limpeza e da pureza.
Todas as suas representações incluem o branco, que é a sua cor.
Pertencem a Oxalá os metais e outras substâncias brancas.
Seu dia é a sexta-feira. E os seus filhos devem vestir-se de branco neste dia.
Oxalá representa o elemento fundamental dos primórdios: massa de ar e massa de água, a pró-forma e a formação de todo tipo de criaturas no Aiyê (a Terra) e no Orun (o Céu).
Ao incorporar-se, assume duas formas: Oxaguiã, jovem guerreiro, e Oxalufã, o velho apoiado num bastão de prata (apoxorô ou ôpá xôrô).
Na África, todos os Orixás relacionados com a Criação são designados pelo nome genérico de Orixá Funfun. O mais importante deles chama-se Orixalá (ou seja, o Grande Orixá), que
nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, “o Rei do Pano Branco”.
O nome Orixalá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e foi com este nome que a grande Divindade-Pai passou a ser conhecida.
A designação de “Funfun” deve-se ao fato de a cor branca se configurar como a cor da Criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação.
Eram 154, aproximadamente, os Orixás Funfuns. Mas no Brasil e em Portugal esse número se reduziu significativamente, pois todos os Orixás Funfuns foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Oxalufã e Oxaguiã. Oxalufã, o Oxalá mais velho e paciente, é o pai de Oxaguiã que, por sua vez, é o Oxalá jovem e guerreiro.
No Xirê (festa em homenagem aos Orixás), Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade. Ele é o único Orixá que, como Exu, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos.
No Candomblé, apresenta-se também de duas maneiras: o Moço, Oxaguiam; e o Velho, Oxalufam. O símbolo do primeiro é uma idá (espada); e o do segundo é uma espécie de
cajado em metal, chamado ôpá xôrô (opaxorô, na forma aportuguesada).
Em suas diversas mutações, temos: ►na Nação Ketu: Oxanguian, Oxalufá, Obatalá e Oduduwá; ►na Nação Angola: Lemba, Lembarangaga e Guaratinhanha. Em todas elas é o Senhor da Vida, também chamado “Senhor da boa argila”, devido a uma antiga lenda na qual Oxalá usava este material para criar os seres humanos.
Na África, é Òrìsànlá ou Obàtálá (Obá N´ti alá), “O Grande Orixá”, “O Rei do Pano Branco”.
Na mitologia Yorubá, é o criador do mundo, dos homens, animais e plantas. Foi o primeiro Orixá criado por Olodumare e é considerado o maior, o mais velho dos Orixás, o Rei de vestes brancas, raiz de todos os outros Orixás. É o pai de Oxalufam (que, por sua vez, é o pai de Oxaguiam).
Na África e no Candomblé do Brasil, Oxalá representa a massa de ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo; controla a formação de novos seres; é o Senhor dos vivos e dos mortos, preside o nascimento, a iniciação e a morte. É o responsável pelos defeitos físicos, e é corcunda porque recusou-se a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e Exu castigou-o, pregando-lhe a cabaça nas costas, razão pela qual não come sal: comer sal para ele constitui um ato de alto canibalismo. Ele deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala, durante três semanas tudo é silêncio, pois a palavra é dele.
Sua maior festa é uma cerimônia chamada “Águas de Oxalá”, que diz respeito à lenda dos sete anos do seu encarceramento no reino de Oyó, culminando com a cerimônia do “Pilão de Oxaguian”, para festejar a volta do pai. Esse respeito advém da sua condição, delegada por Olorun, da criação e governo da humanidade.
Sua saudação mais frequente é: Êpa Babá!
Seus domínios são o poder procriador masculino, a Criação, a vida e a morte (como fim pacífico de todos os seres).
Seu cajado, o opaxorô, tradicionalmente era feito dos galhos de atori (planta cujo nome científico é “Glyphaea lateriflora abraham”). Este cajado simboliza a criação do mundo e do ser humano, bem como a sabedoria dos anciãos; servindo de apoio para locomoção do Orixá que é o mais velho de todos e considerado “o pai da criação”.